Dona Ruth
Minha avó faleceu nessa semana, mais especificamente na terça-feira, dia 30 de março de 2010.
Já contei algumas histórias dela aqui, e provavelmente irei repetir coisas, mas contando que ninguém acompanha isso aqui, fica apenas gravado como uma homenagem a minha querida vó.
Eu, como já foi falado aqui, era o cabritinho da vovó, lembro muito bem como esse apelido veio. Quando éramos crianças gostávamos de brincar na casa dela. Por vários motivos íamos lá, ela tinha praticamente um museu naquela casa. Cheio de coisas velhas que gostávamos de futucar. Mas o ápice vinha quando ela chegava, ficava longe da gente e perguntava pra gente "Cabritinho quer chocolate?" e a gente fazia "béééé" em afirmação. E ela fazia mil e uma perguntas, enquanto eu e meus irmãos ficávamos pulando e dizendo bé.
Lembro dos moedores de grãos que ela tinha, aquilo tinha uma capacidade de nos entreter por horas seguidas, bastava ela ter milho pra gente jogar no moedor e ver virando pó. Tinha também os volantes de carro que meu avô guardava sei lá pra que, pegávamos aqueles volantes e ficávamos dirigindo balançando na rede...
Outra coisa que nunca vou me esquecer da minha avó é do seu jeito de tratar resfriados. Aliás, quando crescemos percebemos que não era só pra resfriado, mas pra qualquer tipo de doença: o negócio era molhar álcool num lenço e enrolar em nossa garganta. Interessante é que, eu particularmente adorava quando tinha álcool no meu pescoço. Tenho até umas fotos de criança com lenço enrolado no pescoço.
E minha avó botava tanta fé no álcool, que sobrava até pros cachorros dela. Era só eles esboçarem um resfriado - convenhamos que isso é raro pra um cachorro, que ela os enfeitava com um lenço alcoolizado.
Por falar em animais, ela também gostava muito deles. Possuía muitos passarinhos, cachorros e teve alguns gatos. Também teve jabutis e papagaios. Acho que minha afeição por animais foi influência direta dela.
Minha avó era uma avó carinhosa, amorosa, e como qualquer velha, tinha suas manias. Agora, nunca vou me esquecer da surra que ela deu no meu irmão mais novo. Uma vez ele inventou de imitá-la, porque ela falava "um cadinho" quando queria dizer que era só um pouco. Naquele dia eu tive medo dela... tadinho de pedrinho, apanhou de uma velhinha.
É estranho pensar na morte dela, porque ela sempre existiu na minha vida, é como o Michael Jackson, a gente não espera a morte dessas pessoas. A gente nunca pensa que ela vai morrer "agora". Que sempre vai morrer num futuro... E o futuro dela terminou na terça.
Sei que ela está bem agora, a doença que ela desenvolveu foi destruindo sua vida e c0m certeza ela não devia ser feliz naquele leito de hospital.
Sabe dona Ruth, você foi uma boa avó, tenho várias lembranças doces da senhora, um dia espero ser um avô melhor do que você foi pra mim. Sempre carinhosa, com seu jeito de mostrar o carinho daquele jeito diferente: enfiando seu nariz no meu olho.
Nunca vou me esquecer de seus provérbios vovó: Mulher feia? Pó matar que é bixo!
Bom, então é isso... amava a senhora.