Estava ali sentado, pensando com meus botões, sobre um comentário dirigido a minha pessa dias atrás, me disseram que era questionador e tinha uma mente muito lógica, que eu precisava ver um sentido em tudo que era me mostrado e gostava de entender tudo, se eu não entendesse eu não ficava satisfeito. Enfim, isso me fez lembrar de um caso, que ao pensar sobre como eu pensava, vejo como eu sou "estranho" em algumas coisas.
Deixe-me explicar, eu tenho uma mania de ficar encucado com coisas que não me fazem sentido, e não importa quanto tempo passar, se me contarem algo ou se ler algo e eu não conseguir ver o sentido ou se eu não consegui entender na hora, isso eventualmente volta ao meu pensamento e eu fico ruminando a questão em si.
Mas o engraçado é que o tempo vai passando e as coisas que aparantemente não faziam sentido ou não eram compreendidas por mim, quando voltam à minha mente eu consigo resolver o mistério.
Mas o pobrema é quando eu vejo que não tem lógica mesmo e a coisa fica ali meio que me perturbando e eu fico pensando "meu Deus, mas que coisa sem noção".
Ilustrarei com dois exemplos:
Semana passada estava na hora da minha leitura diária da Bíblia, quando me lembrei de um fato quando era criança, eu abria a Bíblia e via "Versão Revista e Corrigida", algo assim. Eu entendia o "corrigida" mas o tal de "revista", eu quase morria pra entender, afinal, não fazia sentido nenhum, o que a Bíblia tinha em comum com uma revista? Eu lia o revista e pensava "talvez a Bíblia fosse antes diferente, e aí eles tentaram deixar parecido com modelo de revista pra ficar melhor pra ler". Eu tentava de todos os jeitos criar argumentos lógicos para o "revista" ali e nunca conseguia me convencer. É claro que nessa época eu tinha uns 7 anos, ou até menos. Mas semana passada eu me lembrei disso e tive a revelação, o "revista" significava que ela foi vista novamente, revisada, e então corrigida, como estava escrito, "revista e corrigida".
Agora, o que me inspirou pra escrever tamanho texto foi o de hoje. Nesse caso é o exemplo contrário do que acontece, quando não faz sentido mesmo e pra mim coisas que não fazem sentido não tem graça. Eu não me divirto, por exemplo, com filmes estilo James Bond, onde ele faz coisas que desafiam todos os tipos de leis, leis da física, leis do bom-senso, leis do caramba! hahahahaha, é simplesmente ridículo, minha mente não consegue aceitar esse tipo de coisa, então quando assisto a um filme do tipo, eu fico questionando "olha isso, mas como?".
Mas realmente, sou chato mesmo, mas voltando ao assunto, lembro-me que no ensino fundamental, a tia Keylla sempre passava textos pra gente trabalhar interpretação e aquelas coisas gramaticais que eu me orgulho em não saber nada. E um texto que ficou marcado em minha vida foi o da velhinha com a lambreta. Você conhece essa história? Era o seguinte, havia uma alfândega no meio da estrada, e sempre passava uma velhinha com uma lambreta e um saco de areia, e o policial sempre suspeitava que ela contrabandeava alguma coisa, mas não conseguia descobrir o que era, afinal, era somente ela, a lambreta e um saco de areia. Cansado de para-la e não ter como provar seu ponto, o policial desabafa um dia com ela, foi algo assim:
- Olha minha senhora, eu sei que você está contrabandeando alguma coisa, pode me falar que eu não vou prende-la, deixo você continuar fazendo isso, mas mata a minha curiosidade.
- Você promete não me prender?
- Sim
- É lambreta.
Bom, era uma piadinha bem boba, lembro que na época eu nem tinha noção do que era contrabando, alfândega e etc. Em casa fui perguntar pro meu pai o que era aquilo tudo, mas enfim, por anos eu não conseguia aceitar essa história, haviam muitos absurdos, como por exemplo o final dela, eu lembro que eu pensava "como pode a velha ter contado pra ele e ele ia deixar ela continuar fazendo isso assim? E só porque ele estava curioso ela iria ser tão amável a ponto de se entregar por causa de um capricho do policial?". E juro, essas perguntas me atormentavam, e passavam anos e eu ficava pensando "E como ele não reparava que a lambreta era sempre nova? Será que eram sempre da mesma cor? E se ela contrabandeava lambreta, ela passava de ônibus e voltava de lambreta, será que ele não percebia que sempre a via voltando e não indo? E será que tinham tantos compradores de lambreta assim pra ela estar sempre contrabandeando?". Juro que essas perguntas foram aparecendo em minha cabeça nesses anos todos em que ruminei essa história.
Mas hoje tive a luz final sobre esse caso e encerrei todas minhas ruminações sobre essa história sem noção. Hoje percebi que não existem argumentos lógicos para sustentar essa piada e por isso eu digo que ela não tem graça nenhuma. Hoje eu pensei "Toda vez que ela era parada, ela tinha que mostrar o documento da lambreta, era muito fácil ele saber que ela era contrabandeada, afinal, no mínimo teria documento falsificado".
Pronto, fim da história, um peso de anos saiu das minhas costas e estou tão feliz que quis compartilhar aqui. Bom domingo.