segunda-feira, julho 23, 2007

Vida

Era uma tarde quente de sábado, nos dirigíamos para o Neo para jogar um futebol maroto. Conversas vazias rolavam quando aquela cena se sucedeu: um pobre senhor morador de rua e catador de papel agonizava no asfalto, sangrando pela boca e tendo convulsões, e com ele havia uma pessoa a segurar seu braço enquanto olhava sem nada poder fazer.
Minha reação foi de espanto, peguei o celular e liguei para o Samu que começou a me fazer perguntas, como estava no carro e nosso motorista não o tinha visto, não paramos, mas a atendente do Samu disse que precisava que eu estivesse ao lado do cara para poder saber que tipo exato de ajuda mandar e que provavelmente alguém iria ligar também para avisar.
Após desligar lembro-me de que comecei a pensar sobre o que sucederia com o pobre velho. E lembro-me do que eu pensei também enquanto ligava. Será que a vida daquele sujeito valia alguma coisa para alguém? Pois enquanto ele agonizava, muitas pessoas passavam pelo local e nem o olhavam! E eu comecei a pensar, será que a ambulância realmente viria ao auxílio de uma pessoa como ele? Afinal, para que salvar alguém que é um peso para a sociedade? Visto que se tratava de um pobre morador de rua. Fiquei pensando como seria a reação da atendente caso eu estivesse lá do lado e dissesse que se tratava de um mendigo. Será que ela mandaria uma ambulância em seu auxílio? E como acreditar que realmente alguém iria ligar para o Samu? Deu pra ver a indiferença das pessoas. O rosto de desespero e impotência daquele pobre rapaz que segurava seu braço e olhava para os lados com um olhar de quem pede ajuda.

O meu ponto é, hoje temos tantos problemas, tantas preocupações que só olhamos para nós mesmos e aceitamos as injustiças que nos são expostas diariamente. Não julgo quem não ajudou o velho, Deus fará isso um dia, toda moeda tem dois lados, realmente não sou eu quem está aqui pra julgar.
Mas o que me revolta é pensar nessa coisa do "valor" de uma vida. Porque realmente, duvido que o Samu mandaria uma ambulância para socorrer o velho, infelizmente essa é a realidade, aliás, capaz de ser zuado pela atendente se tivesse dito que se tratava de um catador de papel.
Mas a vida continua, a Terra gira e com isso os dias mudam, vemos as injustiças e nos acostumamos. Até chegamos a pensar que na verdade isso "é a vida". Será que tenho que me conformar com essas coisas? Não pode ser assim.
É uma "batalha" perdida? Sim, mas o que fazer? me fechar e viver num egoísmo? Não é isso que Deus quer não.
Não sei se o que escrevi fez sentido, foi apenas um desabafo de alguém incapaz de fazer algo pra mudar a realidade.